Foto por  Chris Gallagher, de casas e carros sob enchentes.

créditos: Chris Gallagher

Desastres naturais são acontecimentos violentos que estão além do controle humano, podem ser biológicos, geofísicos, climatológicos, hidrológicos e meteorológicos.   Eles são causados por forças da natureza e podem provocar mortes, ferimentos e destruição de casas e outras propriedades.
As chuvas e tempestades são ocorrência da mudança climática, e serão cada vez mais devastadoras, frequentes, intensas e imprevisíveis.

Segundo relatório feito pelo IPCC, as chuvas fortes no mundo já são 0,3 vezes mais frequentes e 6,7% mais intensas, e o Centro-Sul do Brasil deve sofrer com chuvas mais intensas, enquanto o Nordeste e a Amazônia devem sofrer com secas mais prolongadas. 

É possível prever com antecedência, reduzir e evitar o sofrimento que as famílias passam. 

As mudanças climáticas, como tempestades, podem ser previstas pelo poder público e por especialistas em clima. A questão é que esse trabalho não vem sendo feito no Brasil há alguns anos. 
Petrópolis enfrenta a situação pela segunda vez; em 2011, ocorreu a maior catástrofe climática do país, segundo o CPTEC, em que 73 pessoas morreram em decorrência das chuvas. Na região serrana, 918 pessoas morreram e aproximadamente 35 mil pessoas perderam suas casas ou tiveram que sair por conta do risco de desabamento.

O que aconteceu 11 anos atrás deveria ter servido de aprendizado para os governos e autoridades. Diante dessa situação que se repete no Brasil, não se trata mais de apenas prever essas situações, mas sim de ter como aprendizado.
Foto por Jonathan Kemper de uma lixeira em uma enchente. A lixeira está até a metade coberta de água.

Créditos: Jonathan Kemper

Onde está a falha?
Pessoas perderam e estão perdendo seus entes queridos, suas casas, animais, tudo o que haviam construído e o que possuíam por uma alienação dos órgãos responsáveis - federais, estaduais, municipais, todos têm culpa. Quem não tem culpa? A população que mora nesses lugares. 
A falha está em os governos não aprenderem, não preverem e continuarem cometendo os mesmos erros e fazendo, literalmente, pessoas pagarem com suas vidas por algo que podia ter sido prevenido.

A falha está em tratar os riscos físicos apenas quando há emergência. É preciso criar e adotar um plano de adaptação climática para minimizar esses problemas por meio de prevenção e preparação. 

Tem que ter trabalho ativo para ouvir as previsões meteorológicas dias antes e remover a população dos locais de encosta. Essa é uma solução ainda rasa, tal qual conter o fogo antes de se espalhar e colocar vidas em risco. 

Urbanizar e melhorar estruturalmente as comunidades, construir políticas de moradia (idealmente, eu diria “moradia decente”, mas no atual estágio do país, ter políticas de moradia é o primeiro passo), adoção de sistema de alertas, desenvolver pesquisas para entender quais são os locais que, no contexto de mudança climática, estão mais suscetíveis a ela e priorizar a vida humana. Essas são algumas das soluções para evitarmos novos acontecimentos, que pela mídia e pelos governos, serão chamados de "desastres ambientais”, “desastres climáticos”, “desastres naturais”. Desastre é o presidente da república, o que está acontecendo, é descaso e achar que a vida da população é passível de Jogos Mortais.
E o aquecimento global?
Foto por Markus Spiske. Trata-se de um homem segurando, provavelmente em um protesto, uma placa escrito "no nature, no future", em Inglês, o que quer dizer "sem natureza, sem futuro", em Português.
Créditos: Markus Spiske
"No nature, no future", que em Português, significa "sem natureza, sem futuro" 
Só não existe na cabeça do Bolsonaro mesmo. Calor excessivo, chuvas fortes, tempestades, rajadas de vento e neve no Brasil são resultado do aquecimento global, que enquanto for tratado de maneira leve, como não existente/não inimigo/algo natural de se acontecer, vai continuar piorando e contribuindo para os acontecimentos trágicos que temos vivido. 
O nosso cenário atual consiste em dizer que conter o aquecimento global é “jogo comercial", falta de humanização, de políticas públicas, negligência com o povo, falta de ações que sejam pensadas e estruturadas em prol do povo. Negar algo tão grande quanto o aquecimento global é negar para a nossa e futuras gerações a chance de viver com dignidade, com perspectiva de vida, com qualidade. 

A verdade é que no Brasil, quase 50% da população não tem nem mesmo acesso à saneamento básico, segundo dados do  Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), e de acordo com o relatório “Efeitos da pandemia na alimentação e na situação da segurança alimentar no Brasil”, quase 60% da população brasileira encontra-se em situação de insegurança alimentar. Crianças que não têm alimentos, famílias precisando escolher qual refeição poderá ser feita, medo e desespero de não ter ideia de quando ou se comerão de novo, e a esse caos todo, ainda adiciona-se falta de energia, desemprego, e no fim do dia, medo de sofrer um desabamento.
Se nada disso te faz refletir e querer brigar por mudanças, eu não sei o que vai te tirar da alienação.


Fontes: 
https://www.istoedinheiro.com.br/cientistas-dizem-nao-existir-desastres-naturais
https://istoe.com.br/numero-de-mortos-por-3/
https://grupomidia.com/quemrealiza/aquecimento-global-atitudes-para-evitar-diminuir-e-combater/
https://noticias.r7.com/brasil/aquecimento-global-obriga-brasil-a-se-preparar-para-prevenir-desastres-16012022
https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2021-12/quase-50-dos-brasileiros-nao-tem-acesso-redes-de-esgoto-diz-mdr
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